quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Um presidente que não sabe o que diz

Depois de acusar José Serra de ter convertido o tumulto de uma caminhada no Rio de Janeiro em “falsa” agressão, Lula passou a sofrer críticas generalizadas.
Alheio às reprimendas, o cabo eleitoral de Dilma Rousseff não parece disposto a abandonar o papel de faísca que alimenta o fogo.
Nesta terça (26), em meio a uma cerimônia oficial do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Lula fez piada com o “bolinhagate”.
Disfarçado de presidente da República, discursou sobre os avanços no debate ambiental. Enxerga uma unificação de posições.
O governo, segundo Lula, já não precisa adotar comportamento defensivo. Ao recordar o passado, fez uma analogia desajeitada.
Comparou a posição preventiva das autoridades do governo com os escudos usados por PMs na contenção de confrontos:
"O governo ia para reuniões como se fosse de forma preventiva com aquele negócio que a polícia de choque usa para não tomar bordoada, ou seja, para que não caísse um papelete na cabeça".
Depois da alusão ao “papelete”, Lula soou confuso.
É pena que não dispusesse de um desses rolos de fita adesiva que Serra diz ter alcançado sua calva no Rio.
Se tivesse a fita-crepe à mão, Lula poderia ter selado os próprios lábios.
Teria evitado pronunciar a seguinte frase:
“Então, eu acho que nós estamos numa situação muito importante, que é a compreensão dos trabalhadores, a compreensão dos empresários...”
“...A compreensão do governo e a compreensão dos ambientalistas...”
“...Estamos, hoje, compreendendo que a somatória, ou seja, da síntese de uma compreensão nossa sobre a questão do clima...”
“...É que pode permitir que o Brasil possa ser transformar, definitivamente, num país vanguarda na discussão da questão do clima”.
O repórter suspeita que Lula tenha desejado dizer o seguinte:
O consenso em torno dos problemas climáticos pode levar o Brasil a avançar na matéria.
*O texto é de Josias de Souza, na Folha online

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