sábado, 9 de julho de 2011

Para Roberto Gurgel, ficou clara existência de um esquema de corrupção no Congresso.

O empresário Marcos Valério, operador do mensalão, em frente ao Congresso Nacional
(Alan Marques/Folha Imagem)
Revista Veja:
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu nesta  quinta-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) a condenação de 36 réus  envolvidos no esquema do mensalão.
O STF deverá estabelecer um prazo  para que os advogados dos réus apresentem suas defesas finais.
O  encaminhamento da votação ainda depende de um pedido para que o processo  seja incluído na pauta de julgamentos do Supremo, ação que caberá ao  ministro Joaquim Barbosa, relator do processo.
Gurgel recomendou a absolvição apenas do ex-ministro da Comunicação  Social Luiz Gushiken e de Antônio Lamas, ex-assessor do deputado  Valdemar Costa Neto (PR).
Todos os outros réus devem ser considerados  culpados, de acordo com o relatório do procurador-geral, para quem ficou  clara a existência de um esquema de corrupção.
O ex-ministro da Casa  Civil José Dirceu, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, o ex-presidente  do PT José Genoíno e o publicitário Marcos Valério fazem parte da lista  dos réus.
Mensalão
O escândalo do mensalão foi a maior crise política do governo Lula (2003-2010).
Em 2005, descobriu-se que o PT havia montado um gigantesco esquema de compra de votos de deputados na Câmara Federal, para aprovar projetos do governo.
Cada deputado custava cerca de 30.000 reais por mês. A fatura era paga  com dinheiro público, desviado por um esquema criado por Delúbio Soares,  ex-tesoureiro do PT, e por Marcos Valério.
Pressão
Além de encontrar infindáveis maneiras de adiar o julgamento  do processo, a defesa dos envolvidos na quadrilha tem artimanhas para  reconstruir a imagem dos acusados – e tentar coagir o Supremo.
Os  mensaleiros foram, ao longo dos governos Luiz Inácio Lula da Silva e  Dilma Rousseff, gradualmente reabilitados.
Em abril, Genoíno foi nomeado  assessor especial do Ministério da Defesa.
A ideia é mostrar que o  ex-deputado ocupa um cargo relevante, subordinado diretamente a Nelson  Jobim, ex-ministro do STF.
A mensagem subliminar é que um ex-magistrado  não ousaria nomear um criminoso para um cargo de tanta confiança.
João  Paulo Cunha, que presidia a Câmara no período do escândalo, facilitava  contratos a financiadores do esquema e usava o dinheiro da propina,  assumiu agora a Comissão de Constituição e Justiça da Casa.
Já Dirceu, que se dedicou aos negócios fazendo meteórica carreira como  despachante de empresas nacionais e estrangeiras com interesses em  decisões de órgãos estatais, voltou com força total ao jogo político na  eleição que levou Dilma Rousseff à Presidência, já esteve diversas vezes  no Palácio do Planalto neste ano e não perde um holofote.
No velório do  ex-vice-presidente José Alencar, ficou a poucos metros dos ministros do  STF Gilmar Mendes e Ellen Gracie, que vão julgá-lo no processo do  mensalão.
Dirceu chegou a ser cotado para o cargo de ministro do governo  Dilma.
As nomeações de mensaleiros para postos estratégicos têm o único  objetivo de conferir a eles algo que a investigação oficial lhes tirou:  respeitabilidade.
É uma maneira de tentar conseguir a absolvição  perante os cidadãos, para, depois, contar com a tradição do Supremo  Tribunal Federal de não condenar políticos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário