quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Corrupção: A visão da oposição.

O   1º Vice-Presidente do PSDB-DF, Raimundo Ribeiro, fala sobre o mais  novo  escândalo no governo Agnelo, o caso Policarpo e o papel da  oposição  diante das graves denúncias.
Raimundo Ribeiro e o Senador Alvaro Dias
Como você vê a atual situação da Capital? Caótica,   infelizmente para todos nós, pois gostaríamos de ver uma situação   tranquila na cidade, mas o Distrito Federal saindo de um escândalo, como   foi a eleição conturbada, esperávamos um governo que pelo menos   pacificasse a cidade. O que se viu foi o contrário. Um governo que não   governa e pessoas despreparadas para ocupar cargos, pior do que isso,   pessoas com vasta folha penal, respondendo por cargos importantes, e o   resultado só poderia ser este que está acontecendo em Brasília. Nós   temos um governador que teve seus bens bloqueados e que está sendo   acusado de desvio de verba pública. Isso tem duas faces: É muito ruim   para a cidade, porque passa por mais um momento turbulento, mas quem   sabe não será a oportunidade de fazer ressurgir em Brasília a política   decente e voltada para o cidadão.
O que você tem a dizer em relação às denúncias feitas pelo João Dias veiculadas pela revista Veja, no último fim de semana e que, na verdade, são questões que vêm se arrastando desde 2008?
Eu   acho que primeiro nós temos que situar a questão nos seus limites. O   atual governador (Agnelo) era ministro dos Esportes quando começaram a   surgir denúncias. Acho que ele, como um homem público experimentado que   é, pois já foi deputado distrital, federal e ministro, deveria naquele   momento ter pedido uma rigorosa apuração dos fatos, não o fez. Pelo    contrário, sempre se omitiu. Evidentemente  a gravidade e a seriedade   das denúncias decorrem inclusive do fato de o denunciante (João Dias)   dizer que participava do sistema. Então, é uma pessoa que tem muito a   falar e não podemos aceitar qualquer tentativa, por parte dos   denunciados, de tentar desqualificar quem os acusa. O que interessa não   são as pessoas, mas sim os fatos. E os fatos precisam ser apurados com   muito rigor pelos órgãos de controle social, principalmente  a Polícia  Federal e o Ministério Público, para que a gente possa  recuperar um  pouco do dinheiro que dizem ter sido roubado dos cofres  públicos.  Então, nós precisamos, efetivamente, apurar de imediato. Acho  que a  Câmara Legislativa do Distrito Federal deveria aprovar por  unanimidade o  imediato afastamento do governador Agnelo para que a  investigação  fosse isenta, apurada e verificada a veracidade. Se ele for  culpado,  que perca o cargo. Caso não seja comprovada a sua  participação, que ele  retorne ao exercício do mandato. Aliás, isso não é  novidade no Brasil.  Henrique Hargreaves,  quando ministro da Casa Civil,  procedeu dessa forma e é esse o  procedimento que se espera de pessoas de  bem que ocupam funções  públicas.
Você foi, hoje 17/10, ao gabinete do Líder do PSDB no Senado, Senador Álvaro Dias. Qual foi o teor da conversa?
Primeiro,   agradecer ao Senador Álvaro Dias por abrir um espaço na sua agenda para   nos receber. Eu fui, representando o PSDB-DF, levar uma preocupação, já   que os fatos são gravíssimos e envolvem o governador do Distrito   Federal. Como nós já tivemos exemplos de que a Câmara Legislativa não   tem boa vontade em apurar os fatos, como é seu dever, nós pedimos ao   Senador Álvaro Dias que se empenhe em convocar, pelo Senado Federal, o   governador Agnelo para que ele preste os devidos esclarecimentos sobre   essas denúncias que estão sendo veiculadas pela imprensa nacional.
Se  as  denúncias fossem contra membros de qualquer partido de oposição, o  PT  estaria atacando ferrenhamente. Como você vê o silêncio do PT diante  de  denúncias tão graves?
Eu  não  vejo com surpresa. Porque acompanho a vida política há mais de 30  anos.  Sempre disse que o PT, quando assume o governo, se aparelha das   instituições e essa é uma linha muito ruim, pois as instituições que   deveriam servir ao cidadão passam a servir apenas ao partido, ou seja, o   PT apequena as instituições. Então, eu não vejo com surpresa, mas com   muito desagrado, porque o PT que sempre se disse combatente da  corrupção  perdeu essa bandeira quando inaugurou a fase do Mensalão no  Brasil, em  2004/2005. A máscara do PT caiu e a partir daí ele se tornou  um partido  um pouquinho pior do que outros, pois tem os mesmos pecados  mais o  pecado da hipocrisia. Nós precisamos mostrar pra sociedade que o  PT hoje  se comporta como se o Brasil fosse menos importante que o  partido.
De agora em diante, quais serão as providências que o PSDB-DF vai tomar em relação às denúncias?
A  primeira  providência já foi tomada na nossa reunião com o  pronunciamento sempre  sábio do nosso Presidente de Honra, ex-deputado  Geraldo Campos, que  disse que o partido deve apoiar publicamente o  pedido de impeachment  contra o governador Agnelo, mas nós devemos também  entender que as  denúncias não se esgotam apenas na figura do governador  e sim no  governo do PT com o PMDB. Esse governo incompetente que esta  aí não é  governado pelo Agnelo. Na verdade, o Agnelo nunca governou, nós  sabemos  disso. Agora, nós temos que mostrar para a população o  desgoverno que  tomou conta dessa cidade. Nós temos obras paradas desde o  governo  Arruda. Esse governo não consegue, sequer, concluir as obras.  Nós temos  uma saúde que estava na UTI e agora está no cemitério. A todo  momento,  as denúncias acontecem e não há resposta. Nós temos aí, sob o  aspecto  moral, algo de uma gravidade terrível. O secretário de saúde  contrata  emergencialmente a empresa da sua esposa e o governador ignora  como se o  princípio da impessoalidade não devesse imperar no Distrito  Federal.  Nós temos aí denúncias de acobertamento de fugas da Papuda e a   Secretaria de Segurança se fecha como se isso não fosse importante, ou   seja, nós temos hoje uma cidade entregue à própria sorte.   Lamentavelmente, o governo não governa e está envolvido em uma pocilga   de denúncias que envergonha qualquer cidadão do Distrito Federal.
E quanto ao caso Policarpo e a tentativa do PT de blindá-lo na Câmara dos Deputados e no DF?
É  outra  denúncia de extrema importância que foi feita. Não apenas pelo  fato da  compra de votos, mas mais grave do que isso é a utilização da  Polícia  Legislativa para tentar intimidar as vítimas da ação criminosa  do  presidente do PT-DF, deputado Policarpo.
Como você vê a sociedade nos últimos tempos? Ela está apática ou participativa? 
Nós  já  tivemos no Brasil um estado de letargia, já que o PT conseguiu   privatizar os movimentos sociais. Comprou a UNE e isso é notório,   alimenta o MST e em geral todos os movimentos sociais, aos quais o PT   conseguiu impor um aspecto letárgico com a utilização indevida do poder   político, mas a gente percebe que lentamente, e isso é natural, a   sociedade começa a despertar e começa a perceber que esse dinheiro que   está migrando dos cofres públicos para o bolso de filiados do PT é   dinheiro da população e a população começa a se revoltar com isso. Nós   não podemos pagar quase 40% de carga tributária pra financiar esse tipo   de atividade, e isso quem está dizendo não sou apenas eu. A ministra   Eliana Calmon mostrou claramente o quanto o Estado está aparelhado.   Premia-se a mediocridade com promoções. Quanto mais incompetente,   quanto mais subserviente e quanto mais vassalo a pessoa for, mais ele   ascende na carreira. São coisas que a sociedade começa a perceber.   Quando isso acontece, ela percebe também o perigo que é desacreditar nas   instituições, porque aí você cai num precipício institucional. Aí é   “terra de ninguém”. Vence quem grita mais e nós não podemos permitir que   o país chegue a esse ponto. 
Como você vê a nova Era do PSDB-DF? 
Eu   vejo que, evidentemente, nós vamos enfrentar dificuldades, mas é algo   natural em qualquer processo de mudança. O PSDB está lentamente, mas  com  muita consistência, conscientizando-se do seu papel de oposição   ideológica ao governo que está aí. O PSDB nacional também, me atrevo a   avaliar, está aos poucos se acostumando ao fato de ser oposição e não   uma oposição predatória como sempre fez o PT, mas sim uma oposição   séria, persistente, que aponta as irregularidades e mostra o caminho que   deve ser adotado. Acredito que o PSDB só tem a crescer perante a   opinião pública. O PSDB é um partido grande e que precisa assumir a sua   grandeza e ele assume a sua grandeza participando dos quadros políticos  e  é por isso que o PSDB tem todas as condições de, no âmbito local,   apresentar nas próximas eleições, que eu não sei se serão  daqui a 60  dias ou em 2014, candidatura própria e candidatura própria  você não  parte do pressuposto que o candidato já tem ou não 80% dos  votos. Uma  candidatura se constrói.  E como é que se constrói uma  candidatura? Uma  candidatura se constrói unindo o partido em um ideário.  Unindo o  partido dessa forma você conseguirá que o candidato, seja ele  quem for,  indicado pelo partido consiga sensibilizar a população.  Afinal,  ninguém é candidato de si próprio, você é candidato de uma  ideologia. 
*Fonte: A entrevista está no site www.psdbdf.org.br

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