quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Mensalão e o julgamento ilusionático.

"'Não era zelo de justiça, senão inveja: 
queria acabar com os ladrões do mundo para roubar ele só' [Pe. Antônio Vieira]
Inspirada na elucubração metafísica da midiática de si própria, a dona Marina Silva, quando cunhou o etéreo "sonhático", assim vejo a expectativa de que o julgamento do mensalão, cuja véspera é o dia de hoje, 1 de agosto, tenha condução e consequências lastreadas exclusivamente sobre o Espírito da Lei. Estepaiz, como nunca antes, vive há muito em realidade paralela, lunática, mesmo sendo o mensalão o maior episódio de corrupção da história destepaiz. 

Quem se lembra da Carta ao Povo Brasileiro, do Expirado Looola, em 2002? Uma ode das intenções puras grafada em tintas onanistamente otimistas? "A estabilidade, o controle das contas públicas e da inflação são hoje um patrimônio de todos os brasileiros." OI, Oi, oi? Por controle das contas públicas, a Sofisticada Organização Criminosa, chefiada por José Dirceu de Oliveira e Silva, (político e advogado brasileiro, Passa Quatro, 16/03/46) podemos muito bem compreender que tratou-se do estabelecimento CONTROLADO de um sistema de normas baseado em desvio de recursos públicos e empréstimos fraudulentos com o objetivo de prover pagamentos mensais à parlamentares para garantia de todo e qualquer apoio que o governo Looola necessitasse. Sim, o nome popularmente conhecido dessa parte obscura das entrelinhas da Carta ao Povo Brasileiro é MENSALÃO. 

Não basta a presença do lawyer toy boy do Zé Dirceu em uma das cadeiras do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, para que a certeza de que tudo permanecerá como dantes após o fim do "julgamento" se faça latente. A ausência de incômodo da presença deste notável sabedor das artes jurídicas por parte dos seus pares, uma vez que ninguém tem a coragem de explicitar (se é que incomodam-se) publicamente qualquer inconveniente, já é em si a tradução do resultado: nada, zero, nihil. Double O. 

Se já não fossem o suficiente o Toffoli e suas relações libidinosas com o partido que instituiu o mensalão no governo federal e os sete anos de arrasto da ação penal desde a eclosão do escândalo, a realista que habita sob a minha pele diz que, afora a apresentação dos argumentos do Procurador-Geral da República Roberto Gurgel, pedindo pela condenação dos réus nos diversos crimes por eles cometidos, veremos, no mês de agosto em curso, salvo um ou dois ministros, uma ópera burlesca pesadelática. Bem a propósito da nossa tão consistente democracia corruptática. 

Eu gosto de agosto. O mês dos ventos furiosos que tão bem me definem. O que o marcará passados esses trinta dias mensalãonáticos? As manchetes dos jornais explicitando o resultado, certamente em êxtase orgástico, que o STF referendou com coerência a máxima que vive no inconsciente coletivo desde a Carta acima: tudo pelo looolismo, nada contra o looolismo, nada fora do looolismo. Às pessoas de bem, cumpridoras do seu dever perante si, a sociedade e à lei, restará a eterna sensação de um espinho atravessado na garganta envolto em brumas de espectros da impunidade a assombrar para sempre o país.

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