segunda-feira, 3 de junho de 2013

Mistérios eclesiásticos no empobrecimento de uma Argentina que clama contra o populismo.


Em abril, a Argentina foi um imenso cenário para mais um panelaço convocado por blogueiros contra o governo da presidente Cristina Kirchner. Foi o terceiro em sete meses.
Os políticos opositores, não menos desclassificados aos olhos dos manifestantes, saíram às ruas correndo o risco de passar vergonha. Para eles era tudo ou nada.
O presidente da oposicionista União Cívica Radical (UCR), Mario Barletta, fez um apelo horas antes do panelaço: “Temos de conquistar as ruas para derrotar a corrupção”. Mas a opinião pública argentina acha que a derrota da corrupção passa pelo saneamento de partidos ou de políticos como os da UCR.

O governo está com a popularidade em baixa. Os panelaços cresceram vertiginosamente. Se em 13 de setembro de 2012 cerca de 200 mil pessoas protestaram nas ruas de Buenos Aires, em 8 de novembro do mesmo ano elas eram 700 mil, além de outras 500.000 no resto do país.
Em abril de 2013, só em Buenos Aires protestaram por volta de 1 milhão de pessoas, segundo porta-vozes autorizados da prefeitura daquela capital.
Nas reclamações sobressaíam os pedidos de combate à crescente criminalidade, aos escândalos de corrupção de empresários amigos do casal Kirchner e ao uso abusivo da rede nacional de rádio e TV e da publicidade oficial.
Os líderes da oposição também mobilizaram os militantes que puderam contra a aprovação de uma reforma da Justiça talhada para julgar em favor do esquerdismo kirchnerista. A oposição acusa Cristina de manietar a Justiça, nomeando juízes políticos amigos da camarilha populista.
O governo falsifica de modo desavergonhado as estatísticas. Enquanto o Instituto Nacional de Estatísticas e de Censos (Indec) fala em um índice de pobreza inferior ao da Alemanha, o ministro de Economia não soube responder a uma jornalista da TV grega qual era o índice da inflação.
 
       Relações ambíguas do esquerdismo político e o religioso alvejam as elites tradicionais
 
O mistério da situação argentina tem também um foco quase nunca ressaltado pela imprensa: sua Conferência Episcopal.
De praxe, bispos e padres falam nos púlpitos contra a pobreza e em favor da partilha dos bens dos ricos.
Dos referidos prelados poder-se-ia então aguardar uma censura proporcionada ao empobrecimento induzido pelo governo ao país naturalmente tão rico.
E também ao enriquecimento desonesto de altos membros do governo, clamorosamente divulgado pela imprensa.
Mas, não!
Os elogios ditirâmbicos da partilha e da solidariedade se transformam em insinuantes aríetes contra as elites tradicionais e as categorias sociais que com seu trabalho sustentam e enriquecem o país.
Essas elites e as categorias análogas acabam sendo apontadas astuciosamente como réus do crime supremo da desigualdade social e econômica!
E as desastrosos efeitos socializantes do populismo kirchnerista é deixado num segundo lugar!

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