segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Fatos e não versões.

AS FORÇAS DE DEFESA DE ISRAEL RESOLVEM MOSTRAR AO MUNDO O QUE VÊM FAZENDO COM SEU HOSPITAL DE CAMPANHA SECRETO NAS COLINAS DE GOLAN.
"Eles nos ensinaram sobre o ‘inimigo sionista’. Mas, quando nos encontramos com os sionistas, percebemos que eles não eram nada parecido com o que nos haviam dito sobr eles”.
            Esssa instalação militar já atendeu a 700 sírios, de crianças a idosos, e quebra estereótipos disseminados pelos fundamentalistas islâmicos sobre "os sionistas", en quanto a guerra civil continua a enviar suas vítimas através da fronteira sírio-israelense.
Soldados israelenses escoltam um paciente sírio ferido num hospital de campanha militar secreto nas Colinas de Golã. (foto: captura de tela, Canal 2 da TV Israelense)
            O Exército israelense permitiu, pela primeira vez que câmeras e jornalistas fizessem uma reportagem num hospital de campanha militar, até então secreto, na fronteira com a Síria. Na sexta-feira de ontem, à noite, o Canal 2 de Notícias de Tel Aviv levou ao ar a matéria e as imagens de vídeo da instalação nas Colinas de Golan Heights, até então vedadas à imprensa, que já tratou mais de 700 pacientes da Síria desde que foi criada a menos de um ano atrás.
            O hospital, composto por soldados de uniforme, inclui uma sala de emergência, uma unidade de terapia intensiva, uma sala de cirurgia, um laboratório móvel, uma farmácia, e uma unidade de raio-X. Ele trata pacientes sírios que atravessam a fronteira, independentemente de credo – ou a que lado do conflito lutam ou fogem.
            O tratamento de cidadãos sírios em Israel, que antes era esporádico, agora se tornou uma rotina, conforme o documentário da TV israelense mostrou: fugitivos e feridos atravessam a fronteira e encontram não a “hostilidade sionista” de qual lhes haviam falado, mas a atenção humanitária de equipes médicas militares de Israel atuando nas Colinas de Golã. O socorro é imediato, com procedimentos médicos, exames e medicamentos. Aqueles que estão bem o suficiente são enviados de volta através da fronteira e aqueles que necessitam de tratamento adicional são transferidos para um hospital militar, como mostrou o referido documentário exibido na noite de ontem no Canal 2. Desta forma, o hospital de campanha, que era até ontem secreto, trata cerca de cem sírios por mês.
            O Major Itay Zoarets, um cirurgião veterano, descreveu a situação como "surreal". Ele disse que enquanto soldados e comandantes no corpo médico das Forças de Defesa de Israel passam por um rigoroso treinamento para aprender a tratar ferimentos de batalha, o exército israelense não tinha até então encontrado tais lesões desde as últimas grandes guerras.
            Os sírios feridos, segundo ele, sofrem dos mais variados e graves ferimentos na cabeça e estômago, assim como amputações traumáticas e uma gama de outros ferimentos. Casos extremos são transferidos para hospitais civis israelenses no norte e no centro do país. Ninguém fica sem atendimento e o número de óbitos tem sido inacreditavemente baixo.
            Os pacientes também atravessam a fronteira armados e assustados demonstrando equívocos grosseiros sobre Israel e seu povo. "Eles dizem que antes de chegarem, pensavam que os sionistas eram o “Grande Satã”, os inimigos, e chegavam como cães amedrontados com os rabos entre as pernas", na expressão de um deles.
Soldados israelenses tratam um homem sírio ferido num hospital de campanha militar secreto nas Colinas de Golã. (foto: captura de tela, Canal 2)
            Disse ainda que que o hospital de campanha esteve envolto em segredo, quando começou a funcionar – até mesmo dentro das próprias Forças Armadas israelenses.
            "Não sabíamos para onde estávamos indo e achávamos que seríamos presos ou executados pelos ‘sionistas’, mas simplesmente encontramos equipes médicas que nos atenderam sem estabelecer qualquer condição econômica, política, ou religiosa”, contaram os pacientes ouvidos pela reportagem da TV.
            Quanto ao pessoal militar convocado para atender no hospital de campanha, apenas os mais graduados souberam com antecedência a missão estabelecida por Tel Aviv na fronteira com a Síria. “O exército foi chamado, e por isso viemos servir aqui".
            Uma enfermeira do hospital, a capitã Shirin Parizadeh, disse que, embora os pacientes sírios fossem "suspeitos", para a equipe médica israelense, isso foi algo que foi logo superado em face do seu sofrimento evidente".  
            Firas, um combatente rebelde que estava sendo tratado no hospital no momento da filmagem, criticou o governo do presidente sírio, Bashar Assad por negligenciar e oprimir o povo da Síria. "Todos os dias há bombardeios aéreos sobre as cidades. Cada cidade é bombardeada três ou quatro vezes ao dia por aviões de combate".
            Firas, que desertou do exército de Assad para se juntar aos rebeldes que lutam para derrubá-lo, disse: "Bashar [Assad] não cuida de nós. Aqui, em Israel, estamos sendo atendidos. O Bashar não se preocupa conosco, enquanto que Israel sim, o faz, e sem ter qualquer obrigação. Bashar dispara projéteis contra nós, ele não se importa conosco".
            Outro paciente, Latif, disse: "Eles nos ensinaram sobre o inimigo sionista, o opressor sionista. Mas, quando encontramos os sionistas, percebemos que eles não eram nada parecido com o que tinham nos dito sobre os judeus. Eles são seres humanos como nós... Humanos e até mesmo mais do que isso".
Military nurse Shireen Parizadeh prepares to treat a Syrian patient. (photo credit: screen capture, Channel 2)
Enfermeira Militar Shirin Parizadeh se prepara para tratar um paciente sírio. (foto: captura de tela, Canal 2)
            Ahmed, que também estava sendo atendido no hospital de campanha no momento da filmagem, disse que, na sequência da revolta contra Assad, "nós passamos a entender melhor quem é inimigo e quem é amigo". Disse ainda que, como a luta se alastrou por toda a Síria, muitos sírios começaram a duvidar do que tinha sido ensinados a eles sobre os países ao longo de toda a sua própria fronteira. "O regime nos convenceu que todos os que nos cercam são nossos inimigos", disse ele.
            O Coronel Tarif Bader disse que, embora a decisão de administrar a ajuda humanitária às populações de fora de Israel sempre foi um dilema, neste caso, foi "a escolha certa" e que estava orgulhoso por participar da iniciativa. O militar acrescentou que a maioria dos pacientes chega com "graves ferimentos de batalha e entre eles estava um idoso com mais de 83 anos, assim como crianças”, que outro membro da equipe descreveu como fortes e comunicativas. "Elas não parecem estar com medo", observou o coronel.
Hospital militar próximo à fronteira síria nas Colinas de Golã, criado pelas FFAA israelenses para tratar sírios feridos. (foto: captura de tela, Canal 2)
            A equipe de profissionais de saúde descreveu os muitos momentos em que trabalharam no hospital de campanha militar numa experiência que clasificaram de “surreal”. Uma vez, quando um morteiro caiu perto do hospital, segundo eles, soldados e sírios juntos correram a se abrigar num pequeno abrigo escavado no subsolo da área do hospital.
            "Foi uma situação incrível", disse Zoarets se referindo a experiências como essas, antes de ser chamado para cuidar de um recém-chegado.
            A preocupação de analistas políticos, como Ehud Ya'ari, é que este hospital seja apenas a ponta do iceberg, insinuando as muitas ligações que Israel vem forjando do outro lado da fronteira como esforços que tem feito para evitar confrontos, nos quais as forças da al-Qaeda estão ligadas e envolvidas. Tais confrontos têm ocorrido perto da fronteira onde está o hospital de campanha militar israelense e que, eventualmente, possa atender também a israelesnses, caso os atentados terroristas ocorram do lado judeu da fronteira.
            A revolta síria teve início com as chamadas “manifestações pacíficas” exigindo reformas em março 2011 e se transformou numa guerra civil na medida em que o governo de Damasco começou a infiltrar uma espécie de “black blocks” nessas manifestações, causando dezenas de mortos e centenas de feridos entre os manifestantes. Desde então, antes de conseguir inibir ou reprimir, o conflito se degenerou numa guerra civil fratricida em grande parte financiada pelo Irã e pela Arábia Saudita (leia-se Irmandade Muçulmana) apoiando lados opostos, o que já ceifou a vida de mais de 130 mil pessoas até o momento.
Israeli soldiers disembark from a helicopter en route to a secret military hospital on the border with Syria. (photo credit: screen capture, Channel 2)
Soldados israelenses desembarcam de um helicóptero um paciente ferido que é levado ao hospital militar secreto de campanha na fronteira com a Síria. (foto: captura de tela, Canal 2)
            Combatentes estrangeiros e extremistas islâmicos se infiltraram nas hostes rebeldes, da oposição, provocando brigas que prejudicam a rebelião contra Assad e agrava a crise humanitária provocada pelo conflito.
(Francisco Vianna, com a agência de notícias Associated Press)

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