quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

O Oriente médio e suas nuances políticas.

UMA PUNGENTE DERROTA PARA ABBAS, MAS, NEM POR ISSO, UMA SIGNIFICATIVA VITÓRIA PARA ISRAEL.
Na ONU, Netanyahu conseguiu convencer a Nigéria a se abster e o Conselho de Segurança das ONU  rejeitou a pretensão da Autoridade Palestina de se tornar um Estado de direito, mas o Primeiro Ministro judeu só conseguiu o apoio dos EUA e da oposição australiana, ao passo que os franceses resolveram não apoiar Israel, por mais que o estado judaico tenha demonstrado a falácia que seria o Estado da Palestina.
Palestinian Ambassador to the United Nations Riyad Mansour at the UN Security Council Tuesday, December 30, 2014, at the United Nations headquarters (Photo credit: Frank Franklin II/AP) 
“Embaixador” palestino na ONU, Riyad Mansour no Conselho de Segurança na terça feira de ontem, 30 de dezembro de 2014, em Nova York (Foto AP)
Depois de muitos meses e inúmeras manchetes sobre o feito, a jogada dos palestinos para impor condições ao Estado a Israel, via ONU, terminou num rotundo e embaraçoso fracasso que, na prática, suprime qualquer validade de um pretenso status de nação independente palestina à Autoridade Palestina, um arremedo de estado criado artificialmente e dependente do dinheiro externo pela Organização das Nações Unidas. O Conselho de Segurança, nesta terça-feira à noite, rejeitou a Resolução S/2014/916. Os EUA não precisaram sequer exercer o seu poder de veto.
A derrota da AP foi inesperada e pungente. Pouco antes da votação, os palestinos alegaram – e as autoridades israelenses confirmaram – nove países pareciam resolvidos a apoiar a citada resolução, o que teria constituído uma maioria necessária para forçar o veto dos EUA. Mas, quando chegou a hora da verdade, surpreendentemente, a Nigéria se absteve, adiando a proposta de uma solução do conflito para daqui a um ano e a retirada completa dos israelenses dentro de três anos. Com isso, a AP do “presidente” Mahmoud Abbas se vê com baixa perspectiva de se tornar um estado de direito, via ONU.
Espera-se agora que políticos e entendidos em Israel passem os próximos poucos dias debatendo se a votação (de 8 a 2, com 5 abstenções) foi ou não um desastre ou a confirmação de um crescente isolamento internacional do país, ou se apenas foi um dos resultados da brilhante diplomacia israelense, que teria levado a Nigéria a ser persuadida em alterar sua posição no último minuto. (O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu falou com os líderes de Ruanda e da Nigéria antes da votação; Ruanda, menos surpreendentemente, também se absteve, assim como a Grã-Bretanha, Coreia do Sul e a Lituânia)
Os palestinos sofreram um revés doloroso e dramático. Mas Israel não pode reivindicar igualmente uma vitória dramática. Reunindo a oposição só da Austrália EUA – a uma moção criada para impor condições contra a quais Israel tem deixado claro que não pode aceitar, apresentada por uma liderança palestina que atualmente faz parte de um governo de unidade apoiado pelo HAMAS – dificilmente tal fato sugere uma generalizada empatia internacional pelas preocupações de Israel.
Mesmo os países que se abstiveram na votação deixaram claro que apoiavam muitas disposições da resolução pró-Palestina. O Reino Unido, por exemplo, "apoia grande parte do conteúdo do projeto da resolução. Por isso, é com profundo pesar que se absteve sobre ela", disse o embaixador de Londres para a imprensa.
Talvez o modo mais inteligente de ver tal votação é o que ele destacou como “um apoio em declínio às posições de Israel”, mesmo até a relutância em endossar uma solução imposta que por pouco não teve que ser engolida. A mensagem foi a de que a comunidade internacional está de saco cheio com o conflito israelo-palestino e acredita que um acordo negociado é a melhor maneira de resolvê-lo, mas de uma forma ou de outra quer ver Israel rapidamente sair da Cisjordânia para permitir a criação de um estado palestino. Israel, agora, tem algum espaço para respirar, nada mais que isso. O negociador palestino Saeb Erekat já disse que vai voltar a instar o Conselho de Segurança, e mostrar aos seus membros as vantagens disso.
Tinha havido alguma especulação de que os palestinos se apressaram em convocar a votação para antes de 1 de janeiro, quando os membros do conselho se tornam ainda mais antipáticos à causa palestina, porque queriam que sua resolução falhasse. Desconfiados de possíveis sanções americanas, os palestinos buscaram derrota para se livrarem disso, poupando os EUA da necessidade de vetar.
Mas a forma como eventos se desenrolaram sugere que não houve nada disso. Ao contrário, os palestinos aparentemente estavam confiantes de que tinham os nove votos a favor assegurados, mas calcularam mal a posição da Nigéria. Se esperassem apenas mais dois dias, até quando a Malásia tivesse substituído Coreia do Sul, não teriam sido derrotados.
A maioria dos oito votos a favor dos palestinos era de há muito totalmente previsível. Ninguém ficou chocado quando a Jordânia, o Chad e o Chile votaram a favor da resolução, que expressa uma lista de desejos palestinos, ignorando as advertências israelenses. Ninguém, da mesma forma se surpreendeu muito com China, Rússia, Argentina e até mesmo Luxemburgo, embora supostamente aliados, também apoiaram a resolução que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tinha avisado que iria “colocar o futuro de Israel em perigo".
"Existe uma afinidade natural e amizade entre os antigos povos da China e o antigo povo de Israel. Ambos têm enraizadas grandes tradições, mas também estão absolutamente decididos em moldar seus futuros", disse o vice-premier Netanyahu ao chinês Liu Yandong, em maio. Para Pequim, o futuro inclui, evidentemente, a criação de um Estado palestino dentro de 12 meses, acompanhado de "uma retirada completa e gradual das forças de ocupação israelenses que irá pôr fim à ocupação" até dezembro de 2017.
Mas a votação a favor da França foi de cair o queixo. O Ministério das Relações Exteriores em Jerusalém foi pego totalmente de surpresa, quando soube extraoficialmente, poucas horas antes da votação, que Paris havia mudado sua posição e votaria a favor da resolução. Diplomatas franceses passaram semanas trabalhando por conta própria, para tornar o documento "mais suave" quanto a condição de Estado de direito a AP, o que deu a Israel mais tempo para a retirada de alguns itens e para a inclusão de várias outras disposições mais ao gosto de Israel, incluindo fraseado mais aceitável para a questão dos refugiados.
Os palestinos se recusaram a adotar a versão francesa e apresentaram a sua própria redação, fizeram algumas alterações de rumo que tornaram o texto ainda menos palatável para Jerusalém. O projeto final condicionado à libertação de prisioneiros palestinos e à lista de questões pendentes que exigem uma "solução justa", exigiu a cessação de toda a atividade de assentamentos israelenses, inclusive em Jerusalém Oriental. Enquanto um esboço anterior falava de Jerusalém "como a capital compartilhada dos dois Estados", a versão derrotada na segunda-feira indicava explicitamente que Jerusalém Oriental deve ser a capital do Estado da Palestina e previa "uma solução justa para o status de Jerusalém como a o capital dos dois Estados".
Prime Minister Benjamin Netanyahu holds a joint press conference with French President Francois Hollande at the PM's residence in Jerusalem on November 17, 2013. (photo credit: Kobi Gideon/GP/Flash90)
(Foto GP/Flash90)

O Primeiro Ministro Benjamin Netanyahu numa conferência conjunta de imprensa com o Presidente francês Francois Hollande em sua residência em Jerusalém em 17 de novembro de 2013. 
E Paris votou favorável à AP. “A França quis oferecer uma alternative construtiva, razoável e consensual ao projeto inicial do Estado da Palestina”, explicou François Delattre, o embaixador francês na ONU. O texto palestino, enviado à votação pela Jordânia, não “era o ideal”, admitiu ele, mas, apesar das e “reservas com relação a algumas de suas formulações”, ele resolveu votar a favor por causa do processo de paz que julga necessário avançar e que a comunidade internacional “tem que compartilhar o peso de tais negociações”.
Há cerca de um ano, em 18 de novembro de 2013, Netanyahu deu boas vindas ao presidente francês François Hollande no Knesset (Parlamento israelense). Hollande é um “verdadeiro amigo de Israel”, disse o mandatário judeu na ocasião. “Agradecemos pelo seu forte apoio aos nossos esforços para fortificar a segurança de Israel e estabelecer uma paz verdadeira com nossos vizinhos”, disse Netaniahu, na ocasião.
Será que ele diria o mesmo hoje?

MINHA OPINIÃO (N.T)
 
Na verdade, a mídia de um modo geral, mesmo a sionista, omite sistematicamente a causa principal da impossibilidade de existência de um "Estado da Palestina", composto pelas populações não israelenses da Faixa de Gaza e da Cisjordânia. Essa impossibilidade é em parte mascarada pelo fato de a ONU manter com dinheiro estrangeiro a "Autoridade Palestina", um arremedo de estado que não pode ser sustentado por essas citadas populações pelo fato de elas não terem um PIB mínino capaz de manter um estado. Não têm um setor primário, agropecuário, nem um secundário, industrial, e muito menos um de serviços. Caso a ONU suspenda o "mensalão" que sustenta a Autoridade Palestina, esse estado palestino fajuto em pouco tempo vira areia no deserto, pois os estados árabes não enviam um tostão furado para a sua manutenção, cujo montante se deve aos EUA, União Européia, Brasil e outros, além do próprio Israel.
 
As principais potências mundiais com poder de veto no Conselho de Segurança da ONU sabem muito bem disso e sabem o quão irresponsável será dar esse status de Estado de Direito à Autoridade Palestina, principalmente agora associada ao grupo terrorista HAMAS, recentemente derrotado em guerra assimétrica contra os israelenses.
 
E´ lamentável que muitos países ainda tentem tirar vantagens geopolíticas desse conflito alimentado por trás das cortinas pelos principais estados islâmicos, tendo a frente o Irã, e que usam essas populações atrasadas como "bucha de canhão" contra Israel.  O comportamento da Grã Bretanha e da França no episódio são francamente inaceitáveis...
 
*:: RAPHAEL AHREN (Tradução livre de Francisco Vianna)

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