domingo, 18 de janeiro de 2015

A rica Europa como celeiro de terroristas islâmicos. Por quê? Ou: Ele só tem 13 anos.

Younes Abbaoud:  belga, apenas 13 anos e possível  membro do Estado Islâmico
Younes Abbaoud: belga, apenas 13 anos e possível membro do Estado Islâmico.
A Polícia da Bélgica matou, num tiroteio, dois indivíduos acusados de preparar um grande atentado terrorista. O confronto se deu em Verviers, no leste do país. Um terceiro homem foi preso. Eles pertencem a um grupo de cidadãos belgas que haviam retornado de uma viagem à Síria. Outros indivíduos estão sob investigação.
O que se passa na Bélgica, em certa medida, desafia a lógica convencional — ou nem tanto, vamos ver. O país oferece um dos melhores padrões de vida da Europa. Costuma ser usado como exemplo de desenvolvimento, de respeito à diversidade e de bem-estar social. Sabe-se que há pelo menos três mil cidadãos da Europa lutando nas fileiras do Estado Islâmico, boa parte sem nenhum vínculo original com o islamismo. Com passaporte europeu, poderia haver pelos menos 5 mil. Estimam-se em 500 os originários do Reino Unidos, que tem uma população de 64 milhões. Duzentos seriam oriundos da Bélgica, que tem uma população de pouco mais de 11 milhões. Proporcionalmente, é o país europeu que mais forneceu mão de obra ao terror.
É de lá que saiu, por exemplo, Briande de Mulder, filho da brasileira Rosana Rodrigues, até outro dia tido como um quadro de destaque do Estado Islâmico. A foto de Younes Abaaoud chocou o mundo. Nasceu na Bélgica, filho de um imigrante marroquino, e teria se ligado ao Estado Islâmico em 2014,  com apenas 13 anos. Teria viajado à Síria em companhia do irmão mais velho, Abdelhamid Abaaoud, de 27.  Por que recorro a esse tempo verbal da dúvida? Não se conseguiu a prova inequívoca de que o garoto integra as fileiras do Estado Islâmico, mas tudo indica que sim.
O que leva jovens a abandonar uma vida confortável em países europeus, tenham ou não qualquer vínculo cultural ou religioso com o islamismo, para se ligar a um grupo cuja delinquência atinge padrões inéditos? Cada um dos ramos da ciência social encontraria uma explicação plausível. Mas me parece que o ódio que amplos setores da intelectualidade e da própria imprensa ocidentais passaram a devotar ao regime de liberdades públicas explica o fenômeno. Ou não haveria tantos “pensadores” tentando encontrar na sociedade francesa os responsáveis pelos atentados que mataram os… franceses.
O Estado Islâmico assume o lugar da vítima e não hesita nunca. Se os relativistas do Ocidente levam amplos setores da juventude a duvidar do sistema que lhe garante a plena liberdade, um canalha moral e religioso como Abu Bakr Al-Baghdadi, o picareta que é chefão dessa organização terrorista, só lhe oferece certezas, ainda que a certeza das trevas.
Atenção para a comparação que vou fazer agora: por que há alguns jovens no Brasil, especialmente os ligados a grupos de esquerda, que rejeitam a democracia, que querem controlar a mídia, que pretendem criar um departamento de censura, que acreditam que a imprensa é sempre culpada? Porque é isso o que ensinam hoje nas escolas os “odiadores” da democracia, os “haters” profissionais — no mais das vezes, estão a serviço de partidos políticos.
Ora, não vimos em 2013 e 2014 a condescendência com que foram tratados os black blocks? Mais do que isso: Gilberto Carvalho confessou que fez várias reuniões com os delinquentes. A propósito, e ainda voltarei ao assunto: uma parceira assumida dos bandidos mascarados, Ivana Bentes, acaba de ser nomeada para um importante posto do Ministério da Cultura.
O ódio à democracia veiculado permanentemente por grupos militantes haveria de ter um preço. O Ocidente já começa a pagar por ele. Mesmo assim, vejo alguns bacanas mais preocupados com “a direita e a islamofobia” do que com a “liberdadefobia”. Os extremistas primeiro sequestraram do Ocidente as suas verdades.  Agora, começam a sequestrar seus jovens.
Por Reinaldo Azevedo

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