segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Recessão prolongada da indústria é o maior problema do país.

O grande e experiente jornalista Pedro do Coutto chama atenção para a recessão (crescimento negativo ao longo do tempo) que atinge nosso estratégico setor industrial. É problema grave, porque a indústria é a verdadeira criadora de classe média, pois paga os melhores salários e permite ao trabalhador ascender na escala hierárquica, bem mais do que nos setores da agricultura/pecuária e dos serviços.
Em termos de participação da indústria no PIB, depois de atingir um pico nos anos 70, voltamos aos índices dos anos 50. E o pior é que as empresas mais atingidas são as de matriz no Brasil, justamente as que criam tecnologia nacional, que verdadeiramente capitalizam a economia nacional e garantem melhor padrão de vida ao povo. A meu ver, este é o maior problema estrutural da economia brasileira. Deve o governo voltar os olhos para ele e atuar para reverter tal situação.

OS MALES DA INDÚSTRIA
A indústria sofre dos seguintes males, que vêm se agravando ano a ano:
1) Alta carga tributária, de aproximadamente 37% do PIB e com viés de alta, junto com uma burocracia infernal, consumidora de tempo e energia;
2) Câmbio Desfavorável ( o grande ex-ministro Delfim Netto calcula que só o real sobrevalorizado causou perdas nas exportações industriais nos últimos 10 anos de US$ 450 bilhões, mais do que todas as nossas reservas, que são de US$ 377 bilhões;
3) Leis trabalhistas rígidas, que dificultam enormemente a demissão/contratação. Por exemplo, um trabalhador com quatro anos de empresa, ao ser demitido exige o equivalente de um ano de salários, o que engessa todo o processo;
4) Crédito muito caro, pois os juros comerciais são altos, exceção apenas para as taxas do BNDES, que são para poucos;
5) Energia cara, num dos países de maior potencial de geração.
LUCROS EM QUEDA
Em função de tudo isto, a lucratividade das empresas industriais, principalmente as de matriz no Brasil, tem caído nos últimos 10 anos, de um lucro líquido normal entre 15% a 18% ao ano, para apenas 7% ao ano, numa Inflação de também 7%. Como investir e despertar o instinto animal do empresário, numa conjuntura assim e com viés de baixa?
Mas com bons exemplos de cima e fazendo as coisas certas, o Brasil tem condições de reverter este quadro.
*Flávio José Bortolotto

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